PANDEMÓNIO NA TERRA DO CABRAL!
O inferno está cheio de criaturas dos mitos pagãos. Dante vê centauros, o minotauro e o cachorro de três cabeças, Cérbero. Michelangelo inclui Caronte, o barqueiro dos rios Estige e Aqueronte que leva as almas dos pecadores para o inferno. Milton vê a medusa e hidras nas profundezas.
Ao
longe deslumbram-se figuras que em nada se assemelham a humanos, mas a medida
que a distância se encurta os detalhes revelam-se nas caras pálidas com marcas de
sofrimento estampada nos olhos profundos e vazios que denunciam que por essas
caras uma cascata de lágrimas é algo tristemente repetitivo.
Perdidos num silêncio feroz, as almas gritam por
socorro, mas tristemente ninguém vem em seu auxílio. Agora que o dia se clareou
o inferno se revela, (não o de Dante*) mas o de terra de Cabral, demos conta
que o fogo das velas é constante como o choro das viúvas. O destino é ermo e
brutal, não faz calor mas o ar é seco e sufocante porque o vento se foi com a
esperança, o tempo pertence aos espíritos malignos que fazem a festa com as
sobras deixadas pelos demónios, sim demónios, esses mesmos que tomaram para si
as almas dos inocentes, pobre de nós os escravos da nossa ganância e refém da
nossa insano e incontrolável ambição, agora mudos e com medo do reflexo que o
espelho mostra, então nos olhamos incrédulos com a nossa realidade, sem
entender a fúria do destino. Agora mesmo com as chuvas, o suave aroma da terra
molhada não resistiu ao cheiro intenso das chagas abertas que poluem o ar para
regozijo dos abutres. As vozes que ontem eram alegres agora apenas cantam
melodias tristes porque a morte saiu a rua, talvez seja por isso que se ouve
constantemente a palavra " NÓ SUFRI DJITO KÁ TEN" numa tentativa
inútil para sanar um ódio covarde e incompreensível. Agora sabemos que o "
Menos Mal " de ontem era na verdade um cenário melhor que dizer "
Nindjor na fulano ou no Sicrano " porque naquele tempo ainda era saudável " Djumbai" sem medo dos senhores da noite, porque agora mesmo com os
olhos cansados dormir é uma opção arriscada, ainda que nos sonhos acalentemos
sentir de NOVO o fresco vento da LIBERDADE.
A realidade, essa cheira a
sangue, o nosso crepúsculo é cinzento não por caprichos dos Deuses, mas sim por
culpa nossa, porque o caos era e é previsível desde o início quando o intelecto
foi preterido em favor do músculo, mas antes outro pecado, o preconceito, sim o
preconceito existiu, que ninguém duvide ou ouse negar, ainda com interpretações
distintas, mas nesta era onde as pessoas procuram harmonia e paz, não deveria
ter espaço para a lógica selvática de “dente por dente e olhos por olho” esse
tipo de idiotice deveria ter ficado na selva melhor deveria ter sido enterrada
uma vez findada o conflito, aquilo que foi conseguido com sangue e suor de
muitos, não pode ser de maneira alguma destruído apenas para satisfazer a
megalomania de alguns que misturam as queixas com profundas revoltas e ideias
que ameaçam fazer tombar a essência do ADN dos Guineense!
*O Inferno é a primeira parte da "Divina Comédia" de
Dante Alighieri obra A Divina Comédia, escrita no século 14 por Dante Alighieri
(1265-1321) Em A Divina Comédia, o poeta italiano apresenta na forma de poema
uma descrição detalhada do Inferno, do Purgatório e do Paraíso. No Inferno,
Dante, guiado pelo poeta Virgílio, percorre locais onde os pecadores enfrentam
punições pelo que fizeram em vida.
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