As The Times Goes By…
Dizer que o tempo voa… parece ser mais uma daquelas frases de cliché, é tão banal quanto dizer eu te amo ou és a mais bonita de todas! Certas frases perderam a sua “objectividade” com o passar do tempo, por acção directa dos homens, a banalidade por sua vez, “temporizou-se”. A pressão e o tempo andam de mão dadas 24 horas por dia, a pressão aumenta a cada minuto que passa, um minuto perdido, significa um desejo, ou conquista a menos. O tempo contrariamente que muita gente pensa e crê, não voa, passa consoante o ritmo estabelecido, somos nos seres ditos “iluminados” que não prestamos atenção a sua passagem, e quando ela já leva vantagem reclamos porque passa rápido ou porque a sua passagem é lenta e demorada, o segundo caso aplica-se mais na nossa juventude, quando a pressa de sermos adultos levamos a desejar que ela passe num piscar de olhos. Ao tempo atribuímos as rugas, as mágoas, as tristezas, os quilos extras, os cabelos brancos, enfim o tempo é o eterno depósito de culpas. O tempo é um precioso aliado, “O tempo é uma dimensão indissociável da vida, que deixa marcas visíveis em cada um, impõe a realidade de nosso limite e finitude e, talvez por isso mesmo, esqueçamos tanto dele.” Hoje falo do tempo, porque recentemente voltei a ler uma notícia sobre Randy Pausch “Ultima Lição” para quem não sabe, o Randy Pausch, é um professor de informática na Universidade de Carnegie Mellon, do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, deu a última aula perante um auditório repleto, depois de recentemente lhe ter sido diagnosticado um cancro maligno no pâncreas, restando-lhe poucos dias de vida. Mesmo depois de uma terapia excessiva que lhe retirou parte do estômago e do intestino e depois de várias sessões de quimioterapia, Randy Roush prepara-se para aquela a que chamou: ‘ A última aula’. A aula pode ser visionada na internet e já recebeu milhões de internautas, estima-se que cerca de seis milhões de pessoas já viram o vídeo no youtube. Ao ver o professor a leccionar no Carnegie Mellon ninguém diria que o professor de informática, pai de três filhos, sofre de uma doença terminal. «Se eu não pareço tão deprimido como deveria, desculpem desapontar-vos», diz o professor de informática, para os ouvintes que lotaram o auditório de Carnegie Mellon. «Estou em muito boa forma neste momento (…). Na realidade estou em melhor forma que muitos de vocês», acrescenta Randy Pausch. Como reagirias se te informassem que tinhas menos de 6 meses de vida? Como preparar acontecimentos à distância? De organizar um grupo de acontecimentos que tenham uma construção, uma lógica, um começo e um fim. Como planearias o pouco tempo que falta, com quem passa-lo. Francamente eu não sei responder, o que faria, e nem mesmo se teria forças, ou melhor uma força de vontade inabalável com o do professor Randy Pausch, mas uma vez recuperado do choque, procuraria, não culpar ninguém, de imediato iniciaria a minha ultima grande missão no pouco tempo que disponho, que é fazer feliz a todos que amo nesta vida, perdoar todos que me presentearam com o mau, aproveitar o tempo que disponho para respirar e viver em harmonia, comigo e com tudo e todos ao meu redor, repararia os erros que pudessem ser reparados, falarias para as pessoas tudo que sempre pensei, e quis para falar para eles, com calma e tranquilidade, sem rancor, mas sobretudo faria paz com mos meus demónios pessoais, e nesse pedaço de tempo que é somente meu, realizarias os sonhos que tivessem ao meu alcance, abriria os braços e respiraria o ar puro das Himalaias, atravessaria a Grande Muralha da China, pelo caminho devolver todos os sorrisos, que ao longo da vida não retribui, e quando o meu tempo esgota-se neste “plano” partiria com um sorriso, sem dramas ou choros. Creio que este seria o meu legado, é normal ter medo da morte, já que ela tal como a passagem do tempo é inevitável, a morte e o tempo são as duas coisas neste mundo sobre quais o dinheiro não tem poder algum. Já que não podemos evita-lo, devemos encara-lo não com fim, mas como inicio. “O ser humano, entretanto, vive dentro do tempo, armando ciclos infindáveis que se seguem uns aos outros e que lhe permitem demarcar e ordenar sua experiência. Isso é assim porque, nesses ritmos de compasso variado, o sujeito representa – entre interrupções e conexões, entre a luz do dia e a escuridão da noite - constrói a consciência do tempo.”
O tempo é irreversível e não pára, por isso que é tão precioso.
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