sexta-feira, 16 de abril de 2010

Guiné Bissau E A Valsa da Ignorância


O dia amanhece algo me diz para ter cuidado, aquela sensação estranha toma conta de mim de novo, não tarda as suspeitas se tornam reais tanto quanto a puta de sorte que nos coube. Estou farto dessa merda, farto daquilo que se tornou a terra que me viu nascer, mostrem-me a saída deste abismo imenso, que sina. Já não temos lagrimas para derramar, as palavras de conforto não têm mais significado.

Não há dia que não perguntamos a Deus porque nascemos nós não pedimos alguém nos diga o que fazemos com aquela terra, para sermos sinceros, se dependêssemos de nós teríamos ficado sub a vigilância de Portugal, onde não pensávamos, não existíamos como uma nação, senão uma província ultramarina. Agora somos o nosso pior inimigo, prisioneiros de nós mesmos. Olhamos para os lados, não vemos ninguém para nos ajudar, exagero meu... Vêm sim, para nos lapidar, drogar, e cegar com promessas e mais promessas. Somos alvos de piada até de um Zé ninguém, que se julga um Rapper.

Sabemos que a culpa é nossa, sentimos as lágrimas, as vozes do nosso interior que nos dizem, “sejam fortes, não desistem, tenham coragem para seguir em frente” vão se calando dia pôs dia, admitemos somos fracos, talvez seja esse o motivo pelo o qual as nuvens cinza negras nos acompanham, cada um com a sua sina, cada um com a sua sorte, mas a falta de sorte por si só não justifica toda uma vida de erros, se olharmos para trás e analisarmos detalhamente tudo o que temos feito não nos restara outra senão agüentarmos ao destino que nós mesmos escolhemos, e não é valido o pensamento que erramos ao tentarmos fazer o bem, se assim fosse teríamos corrigidos os erros a segunda tentativa.

Tentativa pôs tentativa, já falamos, explicamos, mentimos, acreditamos, prometemos, traímos, magoamos, e perdoamos uma e outra vez, e nada de acordar para a realidade. A burrice é a palavra de honra do coletivo, sim nesta valsa de horrores ninguém é inocente, somos todos reincidentes, uns com pouca percentagem de culpas. Diz o ditado que não se planeja sofrer, mas esse ditado é mentira, porque a Guiné Bissau esta ai para provar que essa frase é apenas lenda ou para quem quiser um conto de fadas. A dor submete. A dor humilha, mas essa mesma dor deveria ser o estopim para uma mudança de mentalidades. É insano afirmar, mas os Guineenses preferem dor a viver em paz e harmonia, por ventura quem achar que exagerei que prove que estou errado! Não há dor nem desgosto que o tempo não cure, é verdade, quando se tem intimidade com o tempo.

Não estou simplesmente a criticar, mesmo se o fizesse, julgo que tenho motivos para fazê-lo, eu sei que ainda não servi o meu país, para poder ter o direito de ousar a levantar a voz, ou mesmo escrever manifestos contra ela, mas é por amá-la tanto que critico, e nada me dói mais que isso. Não sou mandatário de ninguém, sou apenas mais um Guineense, orgulhoso de o ser, que derrama lagrima ainda que invisíveis, um apaixonado pela magia contagiante da minha gente.

Mas pesar dos pesares... Nunca desistiremos, nunca baixaremos a cabeça, nunca recearemos nenhum homem, nunca seremos escravos, nunca diremos que não conseguimos, nunca, nunca, nunca...

1 comentário:

ASP disse...

Maravilhoso!