segunda-feira, 28 de março de 2011

A utopia do medo


Dedicado a memória do grande Pajé vulgo António Sambú

Não tenho medo... A quem estou a enganar todo o meu corpo esta infestado de medo!
Tenho medo de tomar uma posição em relação a tudo, pergunto o que é preciso fazer para eu reagir? De novo na tempestade, molhado e com frio, apenas o medo me aquece ridículo, mas é verdade. Estou numa encruzilhada... e os tiros podem ir em todas as direcções, porque no momento, estou a me fuder para o mundo, radical? Nada disso, é apenas mais um daquelas noites em que me sinto uma merda e perdido em "se" "e" ou "mas", a minha vida não esta como eu planeei, como me decepcionei, promessas e mais promessas, sempre com aquela,” Eu prometo nunca voltar a ser essa pessoa”, vamos ser honesto, eu estou perdido, num jogo chamado vida, num circulo de eventos e fissuras, que diabos, ainda estou tentando entender essa merda, eu simplesmente não consigo continuar vivendo assim. Perdi a vontade, a vida parece não ter estimulante para mim, de tanto lutar o meu corpo esta desistindo, o meu celebro esta enviar mensagens para todos os recantos do meu corpo, “desistam” sem mais reflexões, sem mais drama.

Eu ergue e ergo, tantas barreiras que simplesmente não há como há ver aquela criança alegre, de sorriso simples, que sempre estava ocupado observando as estrelas, porque um dia queria se juntar a elas. O que foi que me aconteceu? Estou, diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, “explicáveis” demais. Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje, que prenunciasse minha identidade ou denunciasse algo que perdi. E eu, hoje, nesta infernal transição entre uma prisão invisível a ânsia da liberdade que não chega nunca? Quando eu vou crescer? Quando cairão afinal os "juros" da minha vida? Chego a ter inveja dos que aboliram o tempo e vivem na eternidade de seu atraso. Aqui, sem futuro, vivo nessa ansiedade individualista medíocre, nesse narcisismo fútil, nessa dependência estúpida de aparecer para existir. Meu desespero cria a utopia de que, um dia, chegarei a algo definitivo. Mas, ter distúrbios não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.

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